terça-feira, 31 de janeiro de 2012

esta tal natureza humana

Natureza Humana


Um dos argumentos mais frequentes hoje em dia contra a cooperação e a socialização que parecem emergir naturalmente de todos os lados, o tempo todo, é aquele dizendo que a natureza humana é de tal forma configurada, que um sistema baseado na cooperação e altruísmo nunca poderia ser factível.

A alegação é que a "natureza humana" é necessariamente gananciosa, competitiva, agressiva dentre outros atributos. Com tal natureza, então seria compreensível que teremos guerras, pobreza e competição visto essas são as únicas coisas  com as quais nossa natureza é compatível. Seria então de admirar que o comunismo tivesse falhado todas as vezes em que foi proposto.... Ora, "foi contra a natureza humana!" alega-se com frequência... Porém, na verdade,  por diversos outros fatores, ele estava, de fato, desde o início condenado ao fracasso.




Essas interpretações, basicamente, tem a visão de que a natureza humana é geralmente "falha" e é de tal sorte que somente sob um sistema que estimule e comporte o individualismo e a competição que a natureza humana poderia ser de alguma forma contemplada. É com esse raciocínio que vícios se tornam virtudes a fim de defender, ou justificar as características de tal sistema. Contra o argumento da natureza humana, não se pode vencer pois ninguém pode escapar de sua natureza.

Ou pode?

O ponto de chamar algo de "natureza humana" é que um ser humano não pode fugir dela ou evitá-la. Eu não posso evitar de comer pois é a minha natureza de necessidade de energia. Talvez em algum momento indefinido no futuro possamos providenciar para que não precisemos mais de alimentos, mas vamos certamente ainda precisar de muita energia, por muito tempo, e assim a nossa natureza permanece a mesma. O mesmo acontece com quaisquer outras coisas das quais não podemos escapar.

E é aí que vem a psicologia evolutiva e nos diz que temos predisposições genéticas a comportamentos diferentes. A persistência, a resiliência, a capacidade das crianças na aprendizagem de línguas, etc, todos estes, e muitos outros, são "atributos" presentes em nossa predisposição genética, os quais proporcionam um tipo de "configuração instintiva" especial aos indivíduos da espécie homo-sapiens. Postulou-se então, a partir de uma destas predisposições --- a  competição --- que a sociedade humana deve ser organizada de forma que a concorrência seja encarada naturalmente e ademais bem utilizada. Pugnant ergo sum​​!

Deixando de lado esta enorme controvérsia em torno da psicologia evolucionária em si, podemos colocar os seguintes argumentos:

Razão

Se existe uma coisa que é certamente parte da nossa natureza, então essa é a nossa capacidade de raciocinar e usar argumentos lógicos. Na verdade nós somos o único animal conhecido que usa-o, de forma eficiente, para que possamos facilmente considerar a razão como elemento constituinte de nossa natureza. É devido à razão que os humanos são capazes de introspecção e, portanto, de gerir as suas próprias predisposições.

É pela razão que não só podemos controlar nossas predisposições psicológicas, mas mesmo nossos entes biológicos. É por causa dela que eu posso reprimir minha vontade de comer, porque estou acima do peso. E é por causa dela, que eu posso suprimir o desejo que tenho de competir, ou simplesmente transformá-lo em uma competição nobre ou amigável.

Assim, a parte mais forte e inegável da natureza humana, de fato aquela que pode ser dita para definir os seres humanos é a que nos permite controlar todas as outras partes de nossa natureza, sejam elas quais forem. Isto significa que mesmo que, teoricamente, a cobiça da concorrência, ou qualquer outra coisa está em nossa natureza mas é contra nossos benefícios, temos sempre a capacidade inata para suprimi-la.

Cooperação Vs. Competição

Os seres humanos são um animal social, isso é certo. E como tal, têm uma predisposição definida, ou uma configuração instintiva natural para a cooperação com outros humanos. Mas, seria este atributo mais forte do que qualquer outra predisposição que temos naturalmente para a concorrência? Certamente! vejamos.

Ao ler As Origens da Família e do Estado e também O Paradigma Perdido: A Natuireza Humana, pode-se verificar [cientificamente] que a idéia mesma, ou o conceito de "natureza humana" sofreu influências e se modificou com o tempo, se alterou, deformando-se, e que antes da formação da civilização, os humanos foram pouco competitivos uns com os outros em tudo. Dentro de uma comunidade gentílica, o comportamento predominante era o de cooperação mútua e quanto mais retrocedemos no tempo em direção às fases de barbárie e selvageria, então, mais poderosa e presente esta cooperação se mostra. Isto é assim simplesmente porque quanto menos ferramentas e capacidades os seres humanos tinham para sobreviver de forma independente, mais eles tinham que cooperar uns com os outros para sobreviver.

A única causa de concorrência que pode ter acontecido foi quando encontrava-se um outro bando de seres humanos e havia falta de recursos no entorno. Fora isso, não havia nenhuma outra competição séria a ser travada. As sociedades eram de casamentos em grupo e, portanto, não havia sequer competição masculina para as mulheres. De qualquer forma, e apesar de tudo, uma forte cooperação entre os humanos persistia.

Este método cooperativo de vida persistiu por milhões de anos com as mais fortes formas de cooperação durando muito tempo [visto que formas menores de progresso evolutivo duraram mais tempo] até que finalmente, cerca de 9000 anos atrás, os humanos entratam "de cabeça" na civilização. Pois, foi principalmente a partir do estabelecimento das práticas agrícolas no peleolítico --- e da elaboração, confecção, posse e acúmulo de ferramentas [meios produtivos], que os seres humanos passam a separar, ou distinguir entre teu e meu, e a explorar os semelhantes [tome minha enxada emprestada, leve este saco de sal, e me pague com seu trabalho] --- que a concorrência surgiu. É a partir da civilização que a monogamia, a propriedade privada e o estado surgiram. Esta foi a razão por que os humanos foram separados, pela primeira vez na história, em classes. E é por causa do atrito entre as classes que a concorrência tornou-se o fator predominante da vida.

Quanto mais a sociedade cresce, maior é a separação de classes, e maior é a diferença, ou a distância entre os seres humanos em nossa sociedade, e maior também a impressão de independência individual, embora isso seja, evidentemente, uma falácia. No entanto, ao ser humano, numa sociedade enorme e complexa fica impossível se dar conta de tal falácia, e acaba-se assumindo que realmente não existe co-dependência com outros seres humanos. Assim, nesta vasta sociedade, sente-se e vive-se a concorrência como única opção, acrescente-se a isso o constante reforço destas ideias pela mídia e não é de admirar que esta é vista como a mais natural, forte e comum "natureza humana".

Mas o que seria evolucionariamente mais forte? A cooperação, que durou milhões de anos ou a concorrência, que no grande esquema das coisas é tão longa como um piscar de olhos? Não apenas a lógica, mas a simples evidência empírica aponta para a primeira. Cooperação sobrevive e se mostra viva e presente mesmo no ambiente mais hostil, individualista e competitivo - o sistema que honestamente espera das pessoas agirem racionalmente, e sejam individualistas, mas acabam tendo que trabalhar com seres humanos cooperativamente.

E ainda por cima de tudo isso, ainda temos a razão, como explicado acima, o que ainda pode suprimir a concorrência a favor da cooperação quando tal se justifique.

Se há alguma verdade para a psicologia evolutiva, esta é a de que --- como bem Marx observou --- os seres humanos têm a natureza de cooperação e individualismo. Nossa natureza não impede o cooperativismo, ela antes urge por ele, pois ele esta ao mesmo tempo em todos os nossos melhores interesses e também mais perto de nossa configuração instintiva naturalmente mais forte e evidente.


baseado / traduzido, com adaptações, do blog "A Division by Zer0"
[http://dbzer0.com/blog/this-human-nature]

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Referências:

·         Morin, Edgar, "O Paradigma Perdido: A Natureza Humana", 4ª Edição, Editora Europa America,  1988

·         Engels, Friedrich, "A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado", 1ª Edição, Editora Escala, 2008.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

escassez

A tradução de "crescimento econômico" baseado em recursos

originalmente submetido por Dirk-Jan van de Ven,
publicado em inglês no blog thezeitgeistmovement, 

[[ minha tradução livre, com algumas adaptações]]:



Economistas clássicos usualmente fazem alegações de que o vasto crescimento econômico é principalmente resultado da aplicação do sistema de mercado como concebido por Adam Smith já por volta de 1800, seguido pelo sistema monetário específico introduzido durante o século 20. Como argumento, eles mostram que os níveis de crescimento em termos de PIB foram muito mais elevados depois de 1800 do que antes, implicando um aumento significativo de "bem-estar" devido ao sistema de mercado.

Embora, para começar, o uso do PIB como medida do bem-estar seja uma suposição falsa, até mesmo a aceleração das taxas de crescimento do PIB não pode ser atribuída ao sistema de mercado por si só, pelo menos não a parte importante do crescimento que não se baseia em puro desperdício. Na verdade, os valores do PIB ao longo do tempo são quase perfeitamente proporcionais ao consumo de energia efetiva ao longo do tempo. Como energia efetiva, me refiro simplesmente ao valor calórico de toda a energia consumida multiplicada pela eficiência de conversão tecnológica para transformar essa energia em parâmetros úteis, tais como movimento, luz e calor utilizável.

Assim, para calcular a quantidade de bem-estar material de uma determinada sociedade, poderiamos muito bem estimar a quantidade total, ou o estoque de energia que esta sociedade poderia consumir. Mas que processos são usados ​​para as sociedades obterem energia? O primeiro passo é obter energia calórica simples do sistema natural (da natureza). Dependendo das formas de energia necessárias que o sistema precisa gerar (madeira, alimentos, combustíveis fósseis, energia eólica, etc), existem diferentes esforços em investimento necessários para obter tais calorias e watts do sistema natural. Tais esforços poderiam muito facilmente serem traduzidos em investimentos na extração de energia. O segundo passo é converter esta energia calórica em energia efetiva. Visto que a eficiência deste processo depende do estado da tecnologia (a eficiência de converter alimento em massa corporal depende do corpo humano, que na verdade reflete o "estado da tecnologia" corrente da evolução darwinista).

Assim, existem duas eficiências diferentes que, juntas, determinam o estoque de energia efetiva que pode ser usada em uma sociedade: uma que determina os custos de energia efetiva extraída do sistema natural e outra que determina os benefícios da energia efetiva que são ganhos por conversão do estoque de energia extraída. Visto que, de fato, através de muitas gerações e espécies, as fontes mais "fáceis" de energia são sempre extraídas primeiro [carvão, petróleo, etc] - deixando os recursos mais difíceis e caros para consumo posterior - os custos de extração de energia sobem - exponencialmente - junto com o montante total de investimentos em extração. A figura abaixo dá uma visualização gráfica de todo o processo para obtenção de energia efetiva.


Como pode ser visto na figura, em qualquer estoque de recursos limitados, há um determinado máximo para a quantidade de energia que qualquer sociedade poderia efetivamente extrair do sistema natural. Este limite máximo é dado pela eficiência da conversão. Este processo se produz não só às sociedades humanas, mas para quaisquer espécies no mundo natural. O balanço entre a quantidade de energia que está disponível para consumo (o estoque de energia), e a energia efetivamente convertica/consumida, determina o sucesso evolucionário da espécie. Se, por exemplo, os investimentos em energia necessária para um predador capturar uma presa tornam-se maiores do que o valor energético da alimentação oferecido pela presa, multiplicado pela eficiência de conversão do corpo do predador, o predador vai morrer, pois não há mais energia efetiva para consumir. Outro exemplo é o urso panda, que tem uma eficiência de conversão muito baixa no corpo para o processamento de bambu..., mas uma vez que esta é a única espécie que come uma quantidade significativa de bambu, os investimentos em energia para a obtenção de energia utilizável são baixos o suficiente para ele se manter vivo, apesar da eficiência do corpo ser muito baixa (mas a conseqüência é que pandas gastam cerca de metade do total de sua vida comendo bambu).


Uma análise e comparação dos custos de extração de energia e a eficiência de conversão no Reino Unido mostra que por volta de 1800, a eficiência de conversão de carvão em energia mecânica finalmente ultrapassou a média dos custos de extração de energia de carvão. Este processo tecnológico de transformação de carvão em energia mecânica já estava em processo há alguns séculos e começou muito antes da teoria de Adam Smith, publicada no "Riqueza das Nações" (1776). Desde 1800, a eficiência de conversão de carvão em energia mecânica [e, posteriormente, também a energia elétrica] aumentou mais e mais, criando um enorme estoque de energia que pôde efetivamente ser extraída de depósitos de carvão. Outros países europeus e ocidentais copiaram a tecnologia britânica do carvão transformado em energia mecânica e seguiram o mesmo processo de crescimento econômico rápido após o exemplo britânico.

No início do século 20, no entanto, o “carvão fácil” da Europa Ocidental foi quase esgotado, causando uma série de tensões para os demais depósitos. Pois a maioria deles ficava na zona fronteiriça entre a Alemanha e a França, assim a guerra na Europa Ocidental era inevitável, visto que cada país foi forçado a manter a sua economia e precisava de energia de carvão para fazer isso. Devido aos fartos subsídios do governo [nota: início dos grandes endividamentos] para desenvolvimento tecnológico durante as guerras, a eficiência de conversão de combustíveis fósseis em energia mecânica e elétrica aumentou muito, deslocando-se drasticamente a linha de eficiência de conversão do gráfico para cima. Isso fez com que fosse energicamente possível transportar combustíveis fósseis de todo o mundo para qualquer lugar onde ocorresse o consumo (porque navios de carga eram agora potentes o suficiente devido a um aumento da eficiência de conversão de seus motores), transferindo os custos de energia da linha de extração para a direita. Ambos os efeitos juntos, criaram um estoque ainda maior de energia efetivamente extraível do que nunca antes.



Esses efeitos podem ser conferidos no gráfico acima, comparando com a versão anterior do gráfico, fica claro como o deslocamento para cima da linha de eficiência de conversão e o deslocamento para a direita dos custos, aumentaram a área azul claro na figura. Visto que o consumo de energia efetiva ocorre a partir do lado esquerdo da área azul claro (pois aí está a energia mais facilmente extraível na natureza), a linha vermelha desloca um pouco para a direita a cada unidade de energia não renovável que é extraída, deixando a área azul claro restante para as gerações futuras. A visualização desta conseqüência do consumo de energia não-renovável é dado no gráfico abaixo.



Assim, durante um período de tempo, o deslocamento para cima da linha azul efetivamente aumenta a quantidade total de energia que pode ser consumida sem a necessidade de extrair mais energia. Este aumento não tem nada a ver com o sistema de mercado, mas é puramente o resultado do progresso tecnológico.

No entanto, o que o sistema de mercado, tal como proposto por Adam Smith implica é que cada indivíduo deve tentar maximizar sua própria renda, e, portanto, sua parcela no consumo de energia. Assim, no sistema atual, qualquer investimento que pode ser transformado em lucro monetário será implementado, independente de oferecer qualquer valor real para a sociedade ou não. Todo o investimento em dinheiro, em fim, é proporcional a um investimento de energia efetiva que deve ser abrangido pela extração de mais energia. Além disso, visto que a dinâmica do mercado acaba incentivando as empresas a usarem tecnologias energeticamanente ineficientes [pois o que importa é o lucro final e não a eficiência energética do processo], a linha azul de eficiência de conversão, que é dependente do estado da tecnologia aplicada, é constantemente pressionada para baixo. Este efeito causa uma necessidade de investimentos em energia ainda mais calórica do que realmente necessário com o estado atual da tecnologia. Assim, a implementação do sistema de mercado de fato leva a um maior crescimento do PIB e, assim, um crescimento da quantidade de energia consumida, mas não a um aumento da quantidade de PIB por unidade de energia extraída. E ainda, o sistema dá incentivos para mais desperdício de energia não renovável com consequências irreversíveis para as futuras gerações e com graves prejuízos para o mundo natural em que vivemos.

Em combinação com o sistema monetário, o sistema de mercado vai ainda mais longe do que apenas dar incentivos para o desperdício de energia efetiva. Como qualquer economia de mercado moderna seria prejudicada se os seus cidadãos parassem de consumir coisas que são praticamente desnecessárias para manter o seu verdadeiro nível de bem-estar - com o desemprego e as tensões sociais, como resultado, uma vez que a pressão de pessoas com dívidas não permitiriam trabalhar menos horas por menos de renda - o sistema é realmente dependente de desperdício de energia efetiva, com custos às futuras gerações (mesmo quando só a energia renovável seja utilizada, os materiais e processos utilizados nos produtos ainda estão sujeitos a forte degradação ambiental).

Usando um grande conjunto de dados, foram analisados os ganhos de eficiência e custos de conversão de energia efetiva de extração para o Reino Unido e dos EUA de 1750 até 2000. Comparando-os mostra que ambos os países passaram por caminhos idênticos nos níveis de eficiência desde o início da revolução industrial (no Reino Unido por volta de 1800, nos EUA por volta de 1850) até a crise do petróleo na década de 1970. No entanto, após a crise do petróleo é fácil distinguir caminhos diferentes para os dois países: enquanto o Reino Unido (que possivelmente é um bom exemplo para a economia média europeia), manteve o foco no aumento da eficiência de conversão média (deslocamento da linha azul), que já aumentou drasticamente desde a 2 ª Guerra Mundial em ambos os países, o aumento da eficiência de conversão média nos EUA ficou estagnado desde a crise do petróleo. Para manter seu crescimento econômico, os EUA pareciam concentrar-se drasticamente na redução dos custos de extração de energia (deslocando a linha verde para baixo / à direita), que pode ser feito mudando de petróleo e gás para energia mais suja, mas de mais fácil extração – o carvão, mas também por ganhar o controle sobre as reservas do "petróleo fácil" em todo o mundo e utilizar esse petróleo para consumo doméstico, deixando o óleo mais caro no mercado para outros países.


Existe uma correlação claramente visível e lógica entre o foco na redução dos custos de extração de energia e a quantidade de violência em todo o mundo. O melhor método (e em épocas pré-industriais, o único método) para diminuir seus custos de extração de energia, é controlar as áreas no mundo que são tão produtivos quanto possível para utilização agrícola ou áreas que contêm os recursos mais valiosos. Obviamente, uma vez que estas áreas são escassas, esta disputa provoca tensões entre diferentes sociedades, visto que todos querem desfrutar do mais alto nível de bem-estar possível. Desde a existência de sociedades agrícolas, houveram várias grandes e pequenas guerras, aumentando em número juntamente com o montante total de pessoas que vivem neste planeta. Olhando as fronteiras da Europa durante os últimos 2000 anos, pode-se ver limites constantemente deslocados, pois havia quase sempre alguma guerra acontecendo em algum lugar na Europa. O processo de deslocamento das fronteiras na Europa no entanto diminuiu desde a revolução industrial e parou completamente após a 2 ª Guerra Mundial. A razão para isso é facilmente visível no gráfico acima de energia efetiva: como a eficiência de conversão triplicou desde a segunda guerra mundial, a quantidade de energia necessária para a extração perde significado na maximização da quantidade total de energia efetiva disponível para o consumo. O foco americano na redução dos custos de extração de energia após a crise do petróleo pode voltar a ser facilmente relacionado com uma série de guerras no mundo, principalmente nas partes que contêm a maior quantidade de recursos valiosos.

Ao todo, o nosso desejo é criar um mundo que é tão pacífico e sustentável quanto possível, devemos nos concentrar em maximizar o lado vertical do espaço energético efetivo no gráfico acima, e não sobre o consumo de energia horizontal efetivo [ou simplesmente aumentar a eficiência de conversão - elevando a linha azull, minimizando porém os efeitos da extração na natureza]. Em outras palavras, um sistema deve ser adotado que dê incentivos para se obter o máximo de energia efetiva o possível para cada unidade investida em extração de energia. Ao mesmo tempo, deve punir qualquer extração de energia que não seja necessária para manter o verdadeiro nível de bem-estar da sociedade.

A história parece repetir-se em diferentes épocas..., como era ha cerca de 100 anos atrás, onde uma crescente escassez de carvão causou várias guerras na Europa, nos últimos anos vemos os preços do petróleo subindo rapidamente, o que fornece um claro sinal de que o petróleo está se esgotando, levando a enormes tensões internacionais sobre os campos de petróleo restantes. Na era anterior, dominada pela teoria do mercado, estes tipos de tensões causaram duas guerras enormes. Esperançosamente poderíamos simplesmente evitar essas guerras na idade atual e gastar nossos recursos para o desenvolvimento tecnológico e para as mudanças estruturais necessárias, sem a necessidade de todos os incentivos para os governos que ironicamente foram causados pelas guerras sobre os recursos restantes durante a época anterior.



fonte original (em inglês):
[http://blog.thezeitgeistmovement.com/blog/dirk-jan-van-de-ven/resource-based-translation-economic-growth]

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Incitando Desejos


São Jobs

A Vejaí publicou matéria de capa dedicada ao São Steve Jobs. Colocaram-no no lugar do espírito santo, ao comentar sobre sua capacidade, inteligência, perspicácia, etc....

[São Jobs no céu em forma de maçã mordida]


Não entendi o que esse Jobs fez de tão, tão, tão importante para a humanidade....  Ele foi é muito esperto, isso sim! Primeiro largou a faculdade e foi pra India experimentar LSD. Depois, em 1976, a partir da idéia original do amigo (outro Steve, o Wozniak) pegaram o computador que era uma máquina enorme, que vinha desmontada e era indecifrável aos "mortais" (apenas grandes empresas e bancos podiam investir alguns milhões de dólares para comprar um....), diminuiram de tamanho, pre-montaram antes de vender,  colocaram um controle manual externo (hoje conhecido como "mouse"), aperfeiçoaram o sistema operacional Basic (criado por um tal de Bill Gates e Paul Allen) colocaram telas coloridas interativas (as quais o tal Gates copiou depois no Windows), e ... ---- tcham! tava criado o PC.... Era o Apple1, que foi vendido por U$ 500 nas lojas da vizinhança... Só que todo mundo achava que era só um brinquedo elaborado.... Foi só quanto a IBM resolveu entrar no negócio a partir de 1980 [empresa que dominava (e domina até hoje) o mercado de computadores de grande porte] os microcompudadores pessoais realmente deslancharam.

Bem, nessa história toda, o que o São Jobs fez foi -- a partir de outras idéias e parafernalhas existentes -- copiar, adaptar e dar uma melhorada -- Claro! tem seus méritos, mas, nada de excepcional para colocá-lo ao lado de Galileu, Newton, Einstein, etc como a Vejaí e muitos entusiastas tem feito.... Bem, depois de copiar e mudar o computador, ele foi despedido da Apple. Que pena.... tão "visionário".... Ele tentou criar um empresa que não deu muito certo e faliu.... Depois voltou, e criou: Um celular mais "fininho", Um tocador de MP3 mais "moderninho", e por fim o tal iPad (sem novidades também... visto que os tablets já existiam há anos...)... Bem, o que  o tal Jobs soube como nenhum outro -- e isso sim foi uma inovação -- foi criar "desejos" antes mesmo que pudessem ser realizados. Ele mesmo disse que "as pessoas não sabem o que querem".... e alegou que nunca fez pesquisa de mercado - o que achava desnecessário...

Pudera. Em seu ramo, verdadeira "linha de produção de fetiches"  -- ou produtos de "alta tecnologia" para os entendidos do vale do silício -- a pesquisa era mesmo desnecessária..... soube o São Jobs como ninguém usar maliciosa e espertamente o "inconsciente coletivo" para doutrinar as escolhas e "adquirir" consumidores, (comodifica-los) muito antes de lançar "mais uma inovação". Suas demonstações-show-espetáculo eram aguardadas e anunciadas pela mídia como "mais uma grande inovação de Jobs", quando na verdade se tratava tão somente de mais um botãozinho com desing redondo, e algumas funções e opcionais diferentes, os quais já haviam sido "descobertos" e desenvolvidos, mas eram estrategicamente "guardados na manga" para serem lançados aos poucos ---- incitando desejos!

Salve o São Jobs! - e que R.I.P.




sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

a dívida pública

Crise financeira ou sóciometabólica?

"Uma coisa a perceber sobre o nosso sistema bancário de reservas fracionárias
é que, como no jogo das cadeiras, enquanto a música estiver tocando,
não há perdedores [para quem estiver no jogo]"

 Andrew Gause, Historiador Monetário


Existem milhões de sites, vídeos, textos, artigos, livros, filmes, etc, etc...  que fornecem explicações sobre a crise financeira que todos testemunhamos, vivenciamos e somos vítimas. No entanto a grande maioria delas aborda somente seus efeitos e consequências, numa miríade de termos técnicos que nem mesmo economistas entendem. Falam de "controle da inflação" como se a mesma fosse um ente superior poderoso e intangível, e 'culpam' determinados setores da economia, ou crises em países alhures, pelas elevações e (raras) quedas nos preços. Nada poderia ser mais falacioso e maquiado.

Neste texto (que será dividido em vários posts), tentarei abordar o tema da denominada crise financeira. Um tema espinhoso, denso, controverso e polêmico. Mas que deve ser enfrentado, visto e re-visto, pois absorve todas as esferas de nossas vidas, quer queiramos ou não. Não me considero suficientemente capaz e competente para abordar de forma ampla e profunda este tema, mas temo que acumulei informações, dados e opiniões que são pertinentes e até mesmo reveladores. Buscarei portanto, neste espaço, organiza-las de forma coerente e concisa, "traduzindo" -- na medida da minha capacidade -- o "economês" para uma linguagem acessível aos leitores interessados.

Utilizarei de diversas fontes e referências, as quais, por comodidade, tomarei a liberdade de reunir somente no final, num post específico de referências. No entanto eu gostaria de chamar a atenção do leitor para uma referência em partucular (de onde algumas ilustrações deste texto são retiradas) - trata-se da do Cartoon animado Money as Debt produzido pelo artista e ativista Paul Grignon, que explica de forma didática e reveladora o funcionamento do sistema monetário atual([1]).

Neste post vamos abordar a denominada dívida pública.

Dívida Pública

Como vimos no post sobre as origens do dinheiro, o atual sistema monetáro somente é mantido mediante consentimento dos governos. Os governos criam leis de moeda legal para nos forçar a usar a moeda fiduciária nacional. E governos permitem que o crédito de bancos particulares sejam convertidos em moeda fiduciária, e criam leis para que as dívidas sejam pagas em moeda fiduciária, além de regulamentos para garantir o funcionamento e a credibilidade do sistema, sem revelar jamais ao público as origens do dinheiro...

Portanto, para o banqueiro, nosso contrato de empréstimo passa a ser dinheiro! Ao agrupar vários contratos do mesmo tipo num fundo em particular, aqueles empréstimos se tornam nota promissória, portátil, cambiável e negociável. Logo, representa uma forma válida de dinheiro.

[para o banco, dinheiro = dívidas]

No entanto, não são somente pessoas comuns que fazem dívidas. Governos também fazem dívidas, e são na verdade os detentores das maiores dívidas isoladas com os bancos públicos e privados, esta é a dívida federal, formada por títulos do tesouro, estados e municípios – e a soma das dívidas do governo e das dívidas das empresas e pessoas comuns resulta na chamada dívida pública total dos países.

A tabela abaixo mostra as maiores dívidas federais, em bilhões de dólares, para 30 países, em 2010.


[as 30 maiores dívidas federais em 2010, fonte: wikipedia]

Note que em valores absolutos o maior devedor é os Estadosunidos (14.59 trilhões), seguido do Japão (12.72 trilhões), Alemanha (2.72 trilhões), Itália (2.49 trilhões), França (2.22 trilhões), Inglaterra (1.82 trilhão), China (1.59 trilhão), e na sequência vem o Brasil (1.36 trilhão), como o oitavo maior devedor do mundo([2]).

A soma total das dívidas, reunindo 171 países, resulta em 50.51 trilhões de dólares. E a soma total dos PIBs, para os mesmos 171 países, resulta em 60.04 trilhões de dólares.

Portanto, a soma de dívidas federais corresponde a 84% dos PIBs dos países considerados.

Visto que os países detém economias e riquezas diferentes, uma forma de se ponderar isso é calcular a dívida em termos percentuais em relação ao PIB do país. Isto é mostrado na última coluna da tabela (e na penúltima coluna, o PIB de cada país). Em termos percentuais o Japão é o maior devedor. Sendo que os Estadosunidos já ultrapassou a marca de 100% do PIB comprometido com dívidas – grosso modo isso significa que somente se vender toda sua riqueza é que os Estadosunidos sanariam suas dívidas. Já o Japão, é um caso mais sério...

A figura abaixo mostra a situação mundial em termos de dívida federal percentual em relação ao PIB (os valores das legendas são limites máximos para definição das cores).


[dívida pública em 2010, como percentual do PIB (wikipedia)]


Pode-se verificar que, curiosamente, os maiores devedores são exatamente os países mais ricos, da Europa e da America do Norte... Enquanto que África, Ásia, Oceania e América do Sul (exceto por alguns casos isolados e pelo Brasil que já ultrapassou a marca de 65% do PIB). Isso tem muito a ver com a crise financeira que estes países vem enfrentando atualmente.

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Porém, é triste informar, mas isso é só a ponta do iceberg...

Como dito, a dívida federal é composta pelos títulos do tesouro e dívidas estaduais e municipais. Porém a Dívida Pública Total de um país é composta da dívida federal e das dívidas assumidas pela população e corporações nas demais instituições financeiras, incluindo aí as dívidas contraídas em bancos comerciais, hipotécas, seguros, companias de financiamento e empréstimo, mercado de crédito e ações, etc.

Para facilitar a análise podemos classificar três grandes grupos na composição da dívida pública total:


  • Dívida Federal: Incluí títulos do tesouro e dívidas estaduais e municipais.

  • Dívida de Setores Não Financeiros: Incluí as corporações privadas, empresas de gestão e negócios em geral, além de fazendas e outros.

  • Dívida de Setores Financeiros: Incluí os bancos comerciais, as companias de seguro, hipotecas, financiadoras, fundos de investimento imobiliário, corretoras de investimento, etc.


Toda e qualquer operação financeira realizada é registrada em enormes bancos de dados das instituições e do governo, e presume-se que estes dados sejam periodicamente cruzados com o que é informado nas declarações de renda das pessoas e das empresas.

Alguns governos e bancos centrais compilam e organizam estes grandes volumes de dados, e disponibilizam para o público em websites governamentais, tais como o Federal Reserve (FED), dos Estadosunidos, o qual mantém um enorme acervo de informações a respeito, muito bem organizadas por setores da economia([3]).

Em vista da disponibilidade e facilidade de acesso à estas informações, e também devido à dimensão e importância da economia dos Estadosunidos, vamos analisar a composição atual da dívida pública todal deste país.

O gráfico abaixo mostra a composição da dívida pública total dos Estadosunidos, desde 1952 até 2011. Pode-se ver que a maior parcela corresponde às dívidas contraídas por setores não financeiros, o que incluí as grandes corporações.

[Composição da Dívida Pública Total dos Estadosunidos]

E ainda - fator alarmante - o valor total da dívida pública atual dos Estadosunidos atinge a impressinante cifra de 52.6 trilhões de dólares, o que supera em 2.6 trilhões a soma das dívidas federais somadas de todos os países do mundo! (como visto acima).

Portanto, os valores em moeda, depósitos e investimentos – o dinheiro tipo M3 - mostrados no post "exuberância irracional" sobre quanto dinheiro existe (valores que, nos Estadosunidos somam 14.2 trilhões de dólares, e no mundo somam 75 trillões), representam o dinheiro líquido "disponível" existente na economia num determinado instante, mesmo que sua liquidez nem sempre seja alta – ou seja, mesmo que recuperar este dinheiro nem sempre seja possível a curto prazo.

Já os valores da dívida pública total representam o dinheiro "expandido", aquele dinheiro que foi sendo criado do nada pelas instituições financeiras (bancos e afins), mediante contratos de empréstimo, emissão de títulos e outros, e que deverá ser pago no futuro, provavelmente pelas próximas gerações....


A maioria das pessoas pensa que seria muito bom para a economia se todas as dívidas fossem pagas. Isso é verdade do ponto de vista do indivíduo, que deve para o banco e quita sua dívida. Pois quando pagamos uma dívida nos sobra mais dinheiro para gastar. Logo imaginamos que se todos fizerem o mesmo, sobra mais dinheiro no mundo. Porém...


[o último pagamento! (PG MaD)]


A verdade é o contrário! Se todos pagarem suas dívidas, e ninguém mais se individar, todo o dinheiro do mundo sumiria por completo! Pois – como já vimos – o suprimento de dinheiro depende da constante renovação do crédito bancário.

Sem os empréstimos, o dinheiro desaparece...

[sem dívidas, o dinheiro some!(PG MaD)]

O pior é que os bancos somente "criam do nada" a quantidade emprestada, o chamado valor principal. Não criam o dinheiro para o pagamento dos juros! Pois então de onde vem o dinheiro necessário para o pagamento dos juros?

Para pagar os juros, quem empresta terá que recorrer ao suprimento geral de dinheiro do pais. Mas todo este dinheiro foi criado da mesma forma, ou seja, a partir de créditos bancários criados, a serem pagos com juros, além da quantia principal emprestada.

Em todo lugar a situação é a mesma, quem empresta, está lutando para conseguir pagar os juros e o empréstimo, usando para isso o dinheiro proveniente de um todo formado somente pela soma dos valores emprestados.

No entanto, a matemática é simples - é evidente que é impossível que todos paguem os valores principais emprestados e os juros, uma vez que não existe dinheiro suficiente para cobrir os juros! E para piorar, nos empréstimos a longo prazo, como hipotécas e dívidas do governo, os juros ultrapassam em muito o valor principal emprestado.

Para se manter a equação balanceada, ou alguém acaba pagando a conta...




[alguém vai pagar a conta!(PG MaD)]

Ou se "injeta" mais e mais dinheiro na economia! Adiando o pagamento para o futuro... E relegando às futuras gerações o enorme problema. E é exatamente isso que os governos fazem o tempo todo, ao contrair dívidas com os bancos.

Mas afinal, visto que arrecadam bilhões em impostos, por quê governos contraem tantas dívidas na forma de títulos do tesouro?

Pois bem, hoje em dia, em todos os países capitalistas do planeta, governos, grandes corporações e bancos formam um tripé sórdido que se auto mantém, e que consiste na base do sistema monetário atual.

Para compreender como este sistema pernicioso funciona devemos introduzir aqui o conceito de "ciclos econômicos".

Isso fica para o próximo post...


[1] [http://paulgrignon.netfirms.com/MoneyasDebt/index.htm] As ilustrações presentes no texto que forem provenientes dos cartoons de Paul Grignon conterão em sua legenda o seguinte acrônimo: (PG, MaD) de Paul Grignon, Money as Debt.
[2] uma bela contradição ao anúncio recente de ter ultrapassado a Inglaterra e assumido a posição da sexta maior economia do mundo...
[3] O banco de dados do FED pode ser acessado através de: [https://www.federalreserve.gov/datadownload/],  No Brasil, algumas informações podem ser obtidas no site: [http://www.bcb.gov.br/?DIVPUB]

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

um nome na história da economia alemã

Hiperinflação da Alemanha, no pós 1a Guerra.

Por vezes inadvertidamente, por vezes até propositalmente (hipócritas e racistas de extrema direita que ainda hoje defendem idéias eugenistas) - muita gente alega que Hittler venceu a grande crise econômico-financeira que deflagou na Alemanha entre 1922 e 1923.

A Verdade da História foi bem diferente disso.

À época Hitler era um agitaror oportunista de extrema direita, que discursava em brados para o povo, conquistando adeptos para suas idéias estúpidas, tirando proveito do sofrimento dos humildes e sofridos trabalhadores alemães que enfrentavam desemprego e fome.

[Hittler - ainda no meio do povão em Viena –
comemorando a proclamação da Guerra]

A hiperinflação se deu principalmente pelas exigências absurdas do Tratado de Versalhes que arruinaram a economia Alemã. Os pagamentos exigidos neste tratado, como reparo dos estragos provocados pela Alemanha na 1a grande guerra, eram irreais para um país destruído e humilhado no pós guerra. Incapaz de honrar tais exigências, em agosto de 1922 a Alemanha decreta que não vai mais efetuar os pagamentos.

Em função disso, França e Bélgica ocupam regiões industriais ricas e importantes da Alemanha, a qual, temendo que estas indústrias começassem a produzir aço e armas para os invasores, passa a imprimir papel-moeda descontroladamente na tentativa de financiar uma "resistência-passiva".

O resultado para a economia alemã teve um nome: hiperinflação!

Em novembro de 1923 a inflação alemã atingiu a impressionante cifra de 29607 % (vinte e nove mil seiscentos e sete porcento) !!!


[Uma mulher alemã alimenta um fogão com notas de dinheiro, que queimavam mais do que a quantidade de lenha que podiam comprar...]


Bem, o verdadeiro responsável pela façanha de eliminar a hiperinflação alemã do pós-guerra foi um economista chamado Hjalmar Schacht, que pouca gente ouviu falar, a não ser nos círculos acadêmicos de história e economia mesmo....

[Hjalmar Schacht]

Este sujeito, o tal Schacht, foi um cabra muito corajoso e esperto. Ele aceitou o cargo de secretário da moeda da Alemanha (cargo que já havia sido recusado duas vezes por outras pessoas) em novembro de 1923, e implantou uma reforma monetária no país que consistiu básicamente na criação de uma moeda indexadora por um período seguido da criação da moeda oficial forte.

(((( este plano nos é bem familar né? Pois foi basicamente daí que FHC copiou a idéia, em 1994, do pano Real -- à época FHC como ministro da fazenda, lança uma moeda indexada ao dólar, o URV (lembra?) para depois de um tempo lançar o Real ))))

Bem, Hitler tomou o poder muito tempo depois, em agosto de 1934, e aí a história é bem conhecida né?


O artigo em deste link conta os detalhes da façanha do tal Schacht.

[[[ nome do artigo: "Hjalmar Schacht e a economia alemã (1920-1950)", autores: Joaquim Miguel Couto e Gilberto Hackl ]]]